O Mineiro tradicional
É um sujeito diferente
Matuto e acolhedor
Agrada toda gente
Não deseja nem faz mal
Desconfia facilmente
Tem muitas curiosidades
Que do passado vem
Uma em especial
Que quase todos têm
Ao falar de alguma coisa
Batiza ela de trem
Cai trem dentro do olho
Joga trem na panela
Sobe no trem da estação
Pega o trem que é dela
Mistura trem no molho
Põe o trem na tigela
De baralho entende
Gosta de truco jogar
São dois contra dois
Sinais têm que trocar
Não perde para ninguém
Se o olho direito piscar
Gosta de um canteiro
Para uma couve plantar
Para ficar bem verdinha
Os pés têm que adubar
Não precisa de veneno
Só água da bica jogar
Na palhoça o fogão a lenha
Cozinha arroz com pequi
Ele se come com a mão
É o costume de todos daqui
Com cuidado dos espinhos
Que são difíceis de sair
Com a mão calejada
Fuma pito, cheira rapé
Trabalha com a enxada
A beira do igarapé
Calcula hora do almoço
Pela fumaça da chaminé
A igreja todo domingo
Vai à missa para rezar
É a única oportunidade
Da comunidade encontrar
Quando entra na igreja
O chapéu tem que tirar
Cedinho ainda madrugada
Um café tem que tomar
O rosto com água da bica
Lava para bem despertar
Pão de queijo quentinho
Na mesa não vai faltar
Cata as folhas do terreiro
Num cantinho põe a juntar
Fazendo um fumaceiro
No lixo que fez queimar
Fica de cócoras assistindo
Aproveitando para pitar
Um jogo tem que ouvir
Como todo bom Mineiro
Depois discutir em resenha
Com o bom companheiro
Não importa qual o time
Sendo Galo ou Cruzeiro
Uma cadeira de balanço
Na varanda a repousar
Ao som do remanso
Acaba por cochilar
Acorda quando o bichano
No seu colo vem pular
Torresmo no tropeiro
Lingüiça no feijão
Pelota de carne cortada
Para comer dentro do pão
Se for um bom Mineiro
De lenha é o seu fogão
Ora-pronobis em guisado
Cachoeira para nadar
Um queijo bem curado
Acha em qualquer lugar
No chiqueiro um capado
Bem tratado para engordar
Na venda compra fiado
Um caderno para anotar
Escolhe na prateleira
Na capanga põe pra levar
Ninguém fica desconfiado
Porque sabe que vai pagar
Canivete na bainha
Pra picar fumo do bão
Enrola na palha de milho
Puxa e traga pro pulmão
O bigode ficou amarelo
Igual os dedos da mão
Gosta de pinga colorida
Com Carqueja ou Alcatrão
Losna, Boldo ou Carvalho
Até mesmo com Limão
Joga um pouco pro santo
Bebe e limpa com a mão
É costume secular
Que do passado vem
Confia Desconfiando
Conforme lhe contém
Nunca chega atrasado
Portanto não perde trem
Na parede uma gaiola
Com canário assoviar
Na outra um lampião
Para noite iluminar
Onde a família reúne
À noite para prosear
Acorda com os galos
Deita com as galinhas
Antes, alimenta o gato
E recolhe a vaquinha
O cachorro vive solto
Mas tem sua casinha
Mineiro quando fala
O que é tradicional
É logo reconhecido
Pelo toque especial
Não esquece o UAI
Seu termo regional
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