Dona Pata escolheu com carinho
onde fazer o seu esmerado ninho
Perto do rio, embaixo de uma árvore
protegido dos invasores malvadinhos
Botou os ovos na folhagem seca
para que eles ficassem bem quentinhos
Luas e mais luas se passaram
Ouviu-se um estalinho suave
Os ovos da dona pata começaram
a rachar e deles lindas aves
deram os seus primeiros passos
Desajeitados como se chutasse bola na trave
Dona pata olhava preocupada o ovo maior
Nem sinal que ele como os outros iria rachar
De repente um croc... croc e do enorme ovo
Saiu um patinho diferente, feio de amargar
Dona pata leva os patinhos para a aula de natação
E o patinho desajeitado e diferente começa a estrebuchar
Risos e mais risos vindos do lago
os patinhos contorciam-se pelo infortúnio do irmão
Mamãe pata sai apressada para acudir o molengão
E o patinho feio envergonhado com o vexame
Deitou-se na grama verdinha e chorou estatelado no chão
Chateado e sem apoio o patinho feio foi embora
Fugiu para uma distante fazenda onde ninguém o conhecia
Todos olhavam penalizados mas ninguém o criticava
O que ele realmente precisava era de empatia
Com a autoestima esfacelada o patinho
fugiu apavorado buscando fortalecer a resiliência
O sol escaldante deixou o patinho acalorado
Na lagoa formosa resolver tomar um banho gelado
Distraído nem percebeu que o olhavam com admiração
Saiu da água apressado e refugiou-se no descampado
Ouviu um grasnado elegante... Veja como é belo o seu reflexo!
Olhou e viu um belo cisne refletido nas águas daquele lago enevoado
(Gracita)